Os Fundos Constitucionais do Norte e do Centro-Oeste, FNO e FCO, bem que poderiam mudar de nome. Sua utilização no estímulo a atividades potencialmente devastadoras – em especial à pecuária e à expansão da soja – está mais que provada. São bilhões drenados para os bolsos de sempre: grandes empresas e pecuaristas detentores de propriedades gigantescas – griladas, em sua maioria – que recebem recursos públicos para aumentar, em escala geométrica, a degradação socioambiental na Amazônia. Exatamente como nos tempos da Sudam, de tristíssima memória.
Uma série de matérias da Folha de São Paulo, assinadas pelo repórter Rodrigo Vargas, faz a radiografia da barbárie em terras do extremo norte do Mato Grosso. Alta Floresta e Paranaíta, epicentro da derrubada da floresta, revelam também a ausência total ou, na melhor das hipóteses, a presença insuficiente dos agentes públicos. Por exemplo, o Ibama tem na região apenas três fiscais (o mínimo seria 50 para uma área de 13 municípios, 92 mil Km2) e nenhum de seus automóveis estavam funcionando. Faz de conta que fiscaliza enquanto a motosserra avança, enlouquecida. Um passo mais acima e poderiam focalizar o mesmo quadro em território paraense. Irmãos na tragédia, Pará e Mato Grosso vão ficando cada vez mais parecidos. Lá, sem muito esforço, pode-se antecipar o futuro que nos espera, se o império do agronegócio continuar avançando sem quaisquer empecilhos.
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