Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e seus técnicos de renome mundial foram colocados em dúvida. Afinal, Blairo Maggi, o “rei da soja” que nas horas vagas exerce ocupa a cadeira de governador do Mato Grosso, sustentou, contra todas as evidências técnicas, que o relatório sobre os 7 mil Km2 desmatados de agosto a dezembro do ano passado só pode estar errado. A soja e a pecuária não teriam nada a ver com isso, disparou. Em menos de 48 horas o governo federal já ensaia um recuo, desmoralizando publicamente a ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
Foi o próprio presidente Lula que se encarregou de bater em retirada, verbalizando as suspeitas “técnicas” dos sojeiros – Maggi à frente – e determinando que um grupo de ministros fosse sobrevoar as áreas desmatadas. É o olhômetro substituindo a medição feita pelas poderosas lentes dos satélites.
De quebra, Lula ainda se deu ao trabalho de fazer – pela enésima vez – uma defesa entusiasmada do agronegócio – “não se pode culpar a soja, o milho, o gado, o feijão, os sem-terra pelo desmatamento”, disse ele. E as ONGs, bem, que vão plantar árvores em seus países de origem, que ninguém segura esse país e seus planos fantásticos de crescimento (a todo custo, faltou complementar).
Não se sabe por quanto tempo o governo federal ainda se equilibrará no tênue fio de um discurso contraditório e desconexo. Na terra dos sem-culpados o ronco das motosserras enfurecidas nunca esteve tão forte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário