Adulteração de documentos oficiais da Comarca de Abaetetuba. Este é o crime do qual a juíza Clarice Maria de Andrade está sendo acusada pela Corregedoria de Justiça das Comarcas do Interior, do Tribunal de Justiça do Estado (TJE). Se não houver nenhuma outra manobra protelatória, como as intermináveis e muito oportunas "férias" a que a magistrada teve direito, ela deverá ser julgada na próxima sessão plenária do órgão, prevista para a quarta-feira, 27.Para quem não se lembra: a juíza Clarice foi quem manteve a adolescente L., de apenas 15 anos, por mais de 30 dias, em uma cela com mais de 20 homens, onde a garota foi torturada, estuprada seguidas vezes, sob o olhar cúmplice de todos os escalões locais da Polícia Civil, da Promotoria e do Judiciário.
Caso típico em que o crime principal - a manutenção de uma presa em cela masculina e em e meio a presos, pelo menos três deles, que haviam sido presos justamente pela prática de estupro - pode ser substituído por um acessório - a falsificação de documento da Comarca para tentar fazer crer que a responsabilidade pela permanência de L. entre os presos caberia à Corregedoria do Interior, em Belém. Jogo de empurra macabro, que expõe antes de tudo a falência ética de autoridades públicas que precisavam estar acima de qualquer suspeita.
Por caminhos tortuosos e à moda de Al Capone, preso e julgado por sonegação fiscal e não por seus inúmeros crimes de sangue, pode-se chegar à finalmente à justiça. Ou, na pior das hipóteses, aos conhecidos e labirínticos caminhos da impunidade. O único remédio é manter a vigilância e não deixar o assunto ser substituído por uma barbárie mais atual. Das tantas que andam freqüentando o noticiário.
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