Sempre a mesma cantilena: os porta-vozes da indústria madeireira tentam justificar a quase total ilegalidade do setor no Pará culpando a excessiva "burocracia" na liberação dos chamados planos de manejo. Esta, repetida por eles e disseminada ad nauseam por um determinado tipo de imprensa sempre dócil aos interesses dos devastadores, seria a causa primeira dos conflitos que começaram por Tailândia e se generalizarão em breve por todos os municípios incluídos na lista suja do Ministério do Meio Ambiente. Em tom de ameaça, sugerem que aí sim será o caos.
O que quase ninguém lembra é o fato que impede, na maioria das vezes, a tramitação regular dos processos das madeireiras - isso, é claro, sabendo que uma parte substantiva da "categoria" sequer tenta dissimular suas práticas flagrantemente ilegais - que abarrotam as prateleiras da Secretaria de Meio Ambiente (Sema). A razão é simples: as terras são griladas, de forma descarada e reincidente. Trata-se de apropriação de áreas públicas da União e do Estado, sem falar em "frentes de devastação" que penetram em Terras Indígenas e em áreas de preservação permanente.
Os madeireiros não são "empurrados à informalidade", portanto. Eles se nutrem da bagunça fundiária e florescem na mesma medida em que o Estado se faz ausente e, não raro, cúmplice e incentivador de uma tragédia pacientemente fabricada há décadas.
Este, em suma, é o nó que cabe desatar. Caso contrário, medidas marcadas pela boa intenção acabam na vala comum de pirotécnicas operações ambientais. Para inglês ver, of course.
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Por trás da devastação, a grilagem
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