domingo, 10 de fevereiro de 2008

Um caso para o comissário Maigret

São Luiz do Curu, distante apenas 84 km de Fortaleza, é um pequeno e pobre município do Norte cearense. Tem um pouco mais de 11 mil habitantes e apenas 126 km2. Não se pode dizer que seu clima seja convidativo. A temperatura média oscila entre 26º e 28º C, e as chuvas, quando ocorrem, ficam concentradas entre janeiro e abril. O restante do ano, como em todo sertão do Ceará, o povo sofre com os longos períodos de estiagem. Não há, definitivamente, muitos atrativos para turistas e homens de negócios. Aliás, a estagnação econômica é marca característica desta cidade, que possui um PIB ridículo de apenas R$ 17,2 milhões (dados de 2002). Sua denominação é uma homenagem ao santo padroeiro que também dá nome ao rio em cujas margens este antigo distrito de Uruburetama ganhou a autonomia em 1951.
De tal sorte que só uma acurada e paciente investigação, no estilo do célebre comissário Maigret – criado pelo escritor belga de expressão francesa, George Simenon - poderia descobrir o que levou, em 15 de dezembro de 2005, um magnata do porte de Jacó Barata, rico empresário do ramo de transportes, que controla o transporte coletivo no Rio e tem negócios espalhados por todo o país, inclusive em empresas de ônibus de Belém, a lavrar, no humilde cartório de São Luiz do Curu, uma procuração onde concede plenos poderes para que Jean de Jesus Nunes, ex-assessor do prefeito de Belém, Duciomar Costa (PTB), administre a empreiteira Belém Ambiental Ltda.
Já não deixa de ser um mistério quase insondável o fato do clã dos Barata, envolvido em negócios de altíssimos cabedais como o controle da empresa aérea Webjet, tenha se interessado por, na época, uma pequena e quase falimentar empresa que respondia pelo menor lote da coleta de lixo da capital paraense. Talvez o patriarca dessa família que possui laços de parentesco com o finado general Barata - que governou o Pará por várias vezes entre as décadas de 30 e 50 do século passado - não imaginasse o rápido e algo inexplicável progresso que firma registraria nos meses seguintes, contando com a prestimosa ajuda do poder público municipal. Como num bom roteiro de filme noir, tudo pode mesmo acontecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

..."tudo pode acontecer"..., (v�rgula), j� aconteceu:
-o transporte p�blico de Bel�m est� um lixo!
Deve ser essa mistura de empresa de lixo com empresa de onibus.
Onde a empresa de lixo proporciona o luxo!
� o Cur� do Dud�