- Não tem crise pior do que ficar amolando pensamento em pedra cega.
- Eita, a chuva está engrossando...
- Eu to vendo, eu não sou cego?
- Eita, a chuva está engrossando...
- Eu to vendo, eu não sou cego?
Cláudio Assis (Amarelo Manga, 2003), premiado cineasta pernambucano, não veio para consolar, nem para entreter. Seus filmes são descargas elétricas de milhares de volts. Ninguém consegue sobreviver à projeção sem que a pele e o coração saiam marcados permanentemente. Doses cavalares de Brasil – mas não aquele país que nos acostumamos a assistir e a consumir. Numa descarga de excremento, sangue e sêmen surge a realidade mais brutal, desumana e desagregadora, numa janela para uma dimensão esquecida e dissimulada, onde vivem a maioria do povo brasileiro, essa legião de milhões e milhões de deserdados da terra.
É assim com seu último filme – Baixio das Bestas (2005), uma bela e cruel metáfora da sociedade brasileira, tendo como ponto de partida as tragédias cotidianas de moradores de um povoado perdido na Zona da Mata de Pernambuco.
O que têm em comum, além de dividirem o mesmo território, um grupo de lavradores sem-terra, empregados eventuais dos falidos engenhos de cana-de-açúcar e integrantes de um Maracatu Rural, uma adolescente que é vítima de exploração sexual praticada pelo próprio avô e um grupo de prostitutas que se submetem, a cada final de semana, ao crescente sadismo de jovens de classe média, herdeiros das famílias de bem do lugar?
Ao assistir aos 80 minutos de pura tensão e violência, o espectador terá acumulado muito mais perguntas que respostas a esta pergunta básica. Estará tocado e magoado por uma metáfora que vai muito além das fronteiras de uma região decadente, onde a pobreza é ancestral e a riqueza sempre esteve fora dali, migrando de acordo com suas próprias conveniências.
Quem será capaz de não se emocionar com o destino – vida severina – da pequena Auxiliadora, de apenas 13 anos, barbarizada e vendida à prostituição? E os descaminhos do jovem Cícero, que nutre pela menina uma paixão repleta de posse e desejo brutalizado?
Para os que insistem em “amolar pensamento em pedra cega”, como insinua a última fala de Baixio das Bestas (Prêmio de Melhor filme no 39º Festival de Brasília), este é um filme que merece ser visto. Ver e se inquietar, porque afinal não somos mesmo cegos?
Serviço
Disponível em DVD para locação.
Baixio das Bestas
É assim com seu último filme – Baixio das Bestas (2005), uma bela e cruel metáfora da sociedade brasileira, tendo como ponto de partida as tragédias cotidianas de moradores de um povoado perdido na Zona da Mata de Pernambuco.
O que têm em comum, além de dividirem o mesmo território, um grupo de lavradores sem-terra, empregados eventuais dos falidos engenhos de cana-de-açúcar e integrantes de um Maracatu Rural, uma adolescente que é vítima de exploração sexual praticada pelo próprio avô e um grupo de prostitutas que se submetem, a cada final de semana, ao crescente sadismo de jovens de classe média, herdeiros das famílias de bem do lugar?
Ao assistir aos 80 minutos de pura tensão e violência, o espectador terá acumulado muito mais perguntas que respostas a esta pergunta básica. Estará tocado e magoado por uma metáfora que vai muito além das fronteiras de uma região decadente, onde a pobreza é ancestral e a riqueza sempre esteve fora dali, migrando de acordo com suas próprias conveniências.
Quem será capaz de não se emocionar com o destino – vida severina – da pequena Auxiliadora, de apenas 13 anos, barbarizada e vendida à prostituição? E os descaminhos do jovem Cícero, que nutre pela menina uma paixão repleta de posse e desejo brutalizado?
Para os que insistem em “amolar pensamento em pedra cega”, como insinua a última fala de Baixio das Bestas (Prêmio de Melhor filme no 39º Festival de Brasília), este é um filme que merece ser visto. Ver e se inquietar, porque afinal não somos mesmo cegos?
Serviço
Disponível em DVD para locação.
Baixio das Bestas
80 min, cor, Super 35mm, 2005
Produtora: Parabólica Brasil
Filmado em Janeiro e Fevereiro de 2005 em Nazaré da Mata- PE
EQUIPE TÉCNICA
Direção CLÁUDIO ASSIS
Produção JULIA MORAES E CLÁUDIO ASSIS
Direção de Fotografia WALTER CARVALHO, ABC
ELENCO
Auxiliadora MARIAH TEIXEIRA
S. Heitor FERNANDO TEIXEIRA
Cícero CAIO BLAT
Everardo MATHEUS NACHTERGAELE
Bela DIRA PAES
Ceiça MARCÉLIA CARTAXO
Auxiliadora MARIAH TEIXEIRA
S. Heitor FERNANDO TEIXEIRA
Cícero CAIO BLAT
Everardo MATHEUS NACHTERGAELE
Bela DIRA PAES
Ceiça MARCÉLIA CARTAXO
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