quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cortina de fumaça esgarçada

Há guerra nas selvas da Colômbia. Uma guerra antiga, de várias décadas, que cobrou dezenas de milhares de vidas humanas. Essa guerra é estimulada de fora para dentro e de cima para baixo. Há anos os Estados Unidos transferem bilhões de dólares a título de "ajuda humanitária" para que o país se arme contra o que chamam de narcoterrorismo, um conceito tão impreciso que coloca no mesmo saco forças político-militares beligerantes - desde os tempos em que se alçou em armas o padre revolucionário Camilo Torres, nos anos 60 - misturadas com quadrilhas e cartéis de traficantes de drogas e grupos paramilitares, braços armados desses mesmos bandos de criminosos e dos grandes proprietários rurais.
Como em toda guerra, a primeira vítima sempre é a verdade. Para tentar furar o cerco midiático, existe um canal de notícias 24 horas no ar, mantidos pelo governo Chávez. É a Telesur.
Sugiro que quem se interessar pelo tema, faça, de vez em quando, uma parada para recolher em primeira mão o enfoque da ala esquerda do conflito. O endereço da TV Chavista é www.telesurtv.net
Por exemplo, nesta noite, a Telesur apresenta em destaque uma notícia que, baseada em informes oficiais do próprio exército colombiano, dando conta que nos dias em que se tentou a frustrada operação de devolução de reféns pelas Farc, havia sim movimentação militar na região, inclusive com a ocorrência de combates. Cai por terra, portanto, a versão do presidente Uribe - ele próprio envolvido até os cabelos com grupos de Paras, como são chamadas as milícias direitistas em operação no interior colombiano. Enquanto prometia apoio retórico à ação da Venezuela e do grupo de países mediadores, Uribe manobrava nos bastidores, deslocando tropas e fechando acessos, o que levou a frustração completa do delicado procedimento de entrega dos três reféns, dentre eles o menino Emanuel de três anos, que se tornara símbolo do esforço de distensão e diálogo na conflagrada Colômbia.

2 comentários:

Anônimo disse...

o site do Exército Colombiano afirma que foram realizadas operações militares justamente no período da Operação Emanuel e na região do resgate. Infelizmente nossa submissa imprensa nada divulga sobre o assunto.

Anônimo disse...

O que os senhores têm a dizer da violência praticada contra essa criança? É justo mantê-la refém por tantos anos, desde recém-nascida? É humano? É ético? É revolucionário?