Então, está combinado:
O que o governo Lula fez hoje ao aumentar impostos - IOF e CSLL para o setor financeiro- foi apenas um "ajuste" e não um "pacote fiscal", pouco importando se daqui a alguns dias os banqueiros comecem a repassar esse acréscimo a suas tarifas e na taxa de juros e, por tabela, essa ciranda acabe por contaminar os preços que são pagos por todos.
O que foi feito, tão pouco, representou uma quebra do "acordo" firmado no final do mês passado com a oposição civilizada no Senado, representada pelos angelicais parlamentares do PSDB e do PFL (vulgo, DEM), de que não haveria, "sob nenhuma hipótese", majoração de impostos para cobrir o "rombo" da não-aprovação da CPMF. Afinal, o "compromisso" tinha um curtíssimo prazo de validade. Nas palavras do ministro Mantega, "valia só para 2007". Como estamos no dia 2 de janeiro de 2008 ...
Por trás da explicação para lá de simplória, dois desejos mal-dissimulados. A "oposição" precisava de uma desculpa para prorrogar, em segundo turno, a bolsa-banqueiro, também conhecida como Desvinculação de Receitas da União (DRU), fonte de quase 90 bilhões por ano para continuar abastecendo as contas bancárias dos super-ricos. Logo, podia acreditar em tudo: Objetos Voadores Não-identificados, Papai Noel, Saci Pererê e, obviamente, também na "palavra do governo" de que não haveria aumento de impostos. Já o governo Lula, que não admite alterar uma vírgula sequer de sua cartilha econômica ortodoxa - herdada dos tucanos, diga-se - era fundamental ganhar tempo e apostar no clima relaxado de início do ano, com grande parte do país ainda de ressaca, para abrir seu pequeno baú de maldades tributárias.
Triste agenda nacional reduzida a um espetáculo de ilusionismo de categoria tão duvidosa.
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