Uma megaoperação no disputado mercado da telefonia privatizada tem tudo para emplacar, mas estaria muito longe de se tornar realidade se não fosse a mão - bastante visível - do Estado, que age para viabilizar o negócio de todas as formas. A compra da Brasil Telecon (BrT) pela Oi (ex-Telemar) vai contar com o calor oficial em termos de recursos - pelo menos R$ 1,8 bi do BNDES - e de uma polêmica mudança de regras, a ser autorizada através de decreto presidencial em breve.
Esqueçamos as justificativas - questionáveis, para dizer o mínimo - que sustentam existir algum "interesse nacional" na operação. O que está em jogo é a drenagem de recursos públicos vultosos, enquanto o governo repete o mantra da impossibilidade de elevar os gastos em áreas essenciais como saúde ou a reforma agrária.
Por outra parte, a mobilização sem precedentes do governo federal na matéria, inclusive com a anunciada mudança das regras do jogo para beneficiar um dos pólos na cruenta disputa pela remonopolização (agora, privada) do setor de telecomunicações, não pode ser vista de forma ingênua. O empresário cearense Carlos Jereissati, acionista da Oi, não tem do que reclamar. Seu irmão, Tasso, pode continuar posando de oposição no Senado, enquanto ele agradece penhoradamente à mãozinha que está recebendo do governo do PT. Ação entre amigos, em nome das civilizadas regras de convivência na seleta cobertura na qual circulam, com desenvoltura, os mais refinados membros da plutocracia nacional.
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