segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Garrafas lançadas ao mar

Há uns 10 anos atrás, o imortal Gabriel Garcia Marquez disse que na Babel dos dias atuais, com tantas palavras "inventadas, maltratadas ou sacralizadas pela imprensa, por livros descartáveis e pelos cartéis da publicidade" ainda assim o grande derrotado é o silêncio. A resistência necessária, diz o Nobel de Literatura, é como lançar garrafas ao mar na esperança de que alcancem o Deus das Palavras.

Em uma escala incrivelmente diminuta, é esse o desafio do Página Crítica. Um desafio que espero compartilhar com todos que estejam dispostos a remar contra a maré.

É dentro desse contexto que recebo, emocionado, uma mensagem do professor, arquiteto e ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, com quem compartilho as mesmas veredas da luta política há mais de duas décadas.
Eis a mensagem:

"Não estou surpreso com a qualidade desta Página. Não poderia ser diferente, afinal de boas contas, conheço-te desde quando sequer havias decido ter o jornalismo como instrumento de trabalho. Teria que ser assim: jornalismo crítico e honesto, expressão de sólida base filosófica que lhe dá sustentação, a filosofia da práxis, o exercício de pensar e agir vigorosa e pacientemente, mas sem nunca perder a capacidade de indignar-se contra todas as formas de injustiças, estejam onde estiverem os injustiçados e os bárbaros agentes do capital. É assim mesmo: um jornalismo-poesia, porque é poético o futuro que o embala. Enfim, será a oportunidade de milhões de homens e mulheres pobres e lentos deste mundo, onde a velocidade da informação confunde-se com um céu aos que vivem do lucro e um inferno para os que vivem do trabalho, ter o privilégio que eu já tenho há décadas de conhecer um jornalismo oposto aquele que, de tão amarelado pelo consumo de jabás e pela venda de manipulações da realidade, começa a cair de podre.Que as intempéries provocadas pelos que só sabem ouvir Sim, Senhor! ou Sim, Senhora! não comprometam a vida longa que as Páginas Críticas de nossa história merecem".

2 comentários:

Anônimo disse...

A leitura da mensagem do Edmilson neste blog exige uma refleção: Como é possível termos no Pará políticos tão inteligentes e decentes como o Edmilson, mas deixamos eleger dois semi-analfabetos para administrar nossa capital e o estado?

Anônimo disse...

É magnifico constatar que ainda existem políticos inteligentes, honestos, coerentes e fiés com sua história de vida.O Edmilson é um desses homens que mantém suas crenças e princípios em opniões, atitudes e no que ele escreve, como podemos confirmar no texto da carta enviada ao Aldenor.