Baixaria não se paga na mesma moeda. A nota da executiva do PSOL (veja em www.psol.org.br) resvala para um nível de troca de ofensas que não tem propósito e acaba por diluir o fundamental da manifestação do partido: a defesa veemente de sua presidenta, ex-senadora Heloísa Helena, covardemente agredida pelo baixo nível do ex-capitão do time de Lula em sua desastrada entrevista à revista Piauí.
Sobre os propósitos inconfessáveis por trás do ataque à presidenta do partido e caracterização de Zé Dirceu como um “lobista do grande capital nacional e internacional”, não cabe qualquer reparo. Está na medida certa de indignação que o caso requer. Enfim, um desagravo firme e decidido, proporcional às ofensas recebidas.
Porém, parece não ter cabimento – ou pelo menos carece de comprovação histórica – insinuar que ele teria sido “um “guerrilheiro” que nunca fez guerrilha e que notabilizou por ter sido o único membro de sua organização, entre todos que retornaram da clandestinidade, a sobreviver à repressão (...)”. A nota deixa no ar uma gravíssima acusação de colaboracionismo sobre o passado do ex-presidente do PT.
As condições da luta armada foram extremamente duras. Dezenas foram barbaramente assassinados, muitos depois de experimentar as torturas mais atrozes. Tangencia a leviandade enveredar, tantos anos depois e sem um mínimo de comprovação, por um jogo de acusações de traição e de colaboração com o inimigo.
Definitivamente, esse trecho da nota da Executiva do PSOL pecou pela falta de equilíbrio e ponderação, que se exige de um partido com a responsabilidade de ser hoje a principal legenda da esquerda brasileira. Mais ainda porque cabe ao PSOL, que se proclama, com justeza, herdeiro das melhores e mais generosas tradições do socialismo revolucionário no país, zelar pelo respeito e reconhecimento à luta e sacrifício dos heróis e mártires da sangrenta luta contra a ditadura de 1964.
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