sexta-feira, 27 de junho de 2008

Apagão agrário

Que o caos agrário na Amazônia é um fato, não há ninguém que duvide. Mas é estarrecedor o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), órgão federal responsável pela política fundiária, admitir oficialmente desconhecer a real situação de nada menos que 14% da área da Amazônia Legal, algo como 702 mil quilômetros quadrados, ou uma área equivalente à somatória dos Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
O governo federal sequer pode afirmar se essas gigantescas extensões de terra estão sob controle de posseiros ou de grileiros, mas não precisa ser especialista para atestar a clara relação de causa e efeito entre o descontrole e omissão oficial e o incremento, cada vez maior, de atividades predatórias e ilegais como a extração de madeira e a mineração em terras públicas.
O Pará - sempre o Pará - desponta como o de maior área "desconhecida". São 23% do total da área do Estado, 288,6 mil quilômetros quadrados, nas mãos de desconhecidos. Não por mero acaso, essa extensão equivalente a quase uma Itália, está sobreposta ao traçado da BR-163 (Santarém-Cuiabá) e da Transamazônica, além do leste paraense, focos principais do avanço das frentes de devastação socioambiental.

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