Na semana que vem a Comissão de Constituição e Justiça do Senado poderá, se prevalecer a vontade da ruidosa bancada ruralista, acertar o tiro de misericórdia no pacote de medidas de combate ao desmatamento na Amazônia, lançado no começo deste ano pela então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Caso a maioria dos senadores aprove o projeto de decreto legislativo, de número 13, de autoria da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), líder destacada da bancada alinhada ao agronegócio no Congresso Nacional, estará suspensa, entre outras, a determinação do Banco Central de somente conceder crédito rural aos produtores que consigam comprovar sua regularidade ambiental e fundiária. Este é o principal alvo dos parlamentares que não têm vergonha de defender os interesses dos que promovem o saque e a devastação socioambiental no país.
Além disso, o decreto torna sem efeito a exigência de recadastramento das propriedades rurais na Amazônia Legal, impedindo que sejam punidos mais de 80% do total de proprietários rurais que resolveram simplesmente ignorar a ordem governamental de apresentar ao Incra a documentação que comprovaria a regularidade de suas fazendas e empreendimentos.
Vai ser uma batalha decisiva, cujo desfecho dependerá da vontade política do governo enfrentar, com todas as suas forças, a ofensiva dos desmatadores e seus porta-vozes no Senado. O retrospecto da atuação da base política do presidente Lula, marcada por seguidas concessões ao que existe de mais retrógrado e fisiológico, não enseja qualquer manifestação de otimismo. Muito pelo contrário.
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