Doze bebês mortos em apenas três dias na Santa Casa de Misericórdia do Pará, num único final de semana, deveria ser suficiente para que o governo do Estado, que mantém essa fundação pública, determinasse uma imediata e rigorosa apuração. Ao contrário, as autoridades da área de saúde tentam minimizar o fato, apresentado como fruto do “acaso”.
A denúncia partiu do Sindicato dos Médicos, que há bastante tempo alerta para o sucateamento dos serviços e para o precário atendimento que é prestado à população usuária. A superlotação da UTI e dos berçários e a falta de equipamentos básicos, como respiradores, estão no topo das reiteradas pautas de reivindicação dos profissionais em saúde, que parecem receber sempre o descaso como resposta.
Não poderia, então, ser mais ridícula a resposta oficial do governo, que através de nota afirma que as mortes estão "de acordo com a taxa aceita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50% do total de leitos da unidade". O que é firmemente contestado pelo Sindicato dos Médicos, que considerou o número de óbitos "elevadíssimo". Ora, a desculpa oficial chega a ser um deboche diante do sofrimento dos familiares das pequenas vítimas, quase todos oriundos dos rincões mais abandonados e empobrecidos do interior paraense.
O Pará, mais uma vez, é pauta negativa na imprensa nacional. Daqui a pouco, aguardem, para o retorno da velha cantilena de que se trata de uma campanha orquestrada contra a pobre governadora, vítima de preconceito por ser "mulher, nortista e do PT".
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