domingo, 15 de junho de 2008

Dialética do amor americano

América, não invoco teu nome em vão.
Quando sujeito ao coração a espada,
quando aguento na alma a goteira,
quando pelas janelas
um novo dia teu me penetra,
sou e estou na luz que me produz,
vivo na sombra que me determina,
durmo e desperto em tua essencial aurora:
doce como as uvas, e terrível,
condutor do açúcar e o castigo,
empapado em esperma de tua espécie,
amamentado em sangue de tua herança.

Pablo Neruda. Canto Geral (XIX, p. 227).

Um comentário:

Alan Lemos disse...

É, Jota-érri, é...