quarta-feira, 18 de junho de 2008

O silêncio das armas

Hadil al Sumiri, 9 anos, feita em pedaços por um míssil disparado por um tanque. Segundo a reportagem da Associated Press, a criança teve a cabeça decepada; Aya al-Najjar, 8 anos, brincava próximo à sua casa na Aldeia de Khuza'a quando um helicóptero Apache disparou o projétil que a matou instantaneamente; Hassan Assaliya, 60 anos, foi morto por soldados em um incidente até agora não esclarecido. Testemunhas afirmam que as ambulâncias foram impedidas de prestar-lhe socorro. O ancião agonizou até a morte, manchando de sangue a terra que sua família habita desde tempos imemoriais.
Hadil, Aya e Hassan têm em comum o fato de serem civis palestinos da faixa de Gaza, repartindo com 1,4 milhão de compatriotas a dor e o desespero de uma guerra de extermínio conduzida a ferro e fogo pelo Estado de Israel e que parece não ter fim. Poderiam estar vivos se o anunciado cessar-fogo anunciado ontem, com a providencial mediação do Egito, entre o grupo palestino Hamas e o governo israelense já tivesse sido efetivado. Eles e centenas de outras vítimas inocentes, de ambos os lados, mas principalmente do povo palestino, vítima de uma ocupação ilegal e imoral que já dura 60 anos, não fariam parte de uma contabilidade macabra que não pára de crescer.
Hoje, se confirmado o acordo, sob olhar cético dos falcões do Pentágono, haverá uma esperança. Tênue, talvez precária e momentânea, mas, de toda forma, uma pequena brecha na muralha de intolerância que faz da Palestina - terra sagrada para as três principais religiões monoteístas do mundo, ponto de encontro - e conflito - entre civilizações que se perderam no pó de uma história milenar. Que não se desperdice essa chance de retomada da busca, pelo diálogo, de uma solução pacífica, justa e duradoura, pondo fim ao massacre que cobre a comunidade internacional de vergonha.

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