A homologação da Terra Indígena Baú, no oeste paraense, esconde um dos piores atentados já praticados no passado recente contra os direitos dos povos indígenas. A área que abriga índios Kayapó Mekragnoti foi reduzida em 317 mil hectares (17,2% do total) por portaria do então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dando o golpe de misericórdia em um acidentado processo de demarcação que, desde 1991, havia sido marcado por diversas portarias ministeriais que tentavam manter ou reduzir o tamanho original da reserva estimado em 1,85 milhão de hectares.
A decisão do presidente Lula, consagrada através de decreto datado da última quinta-feira (19), manteve a Terra Indígena com 1,5 milhão de hectares, tornando definitiva a supressão de uma importante área que foi, ao longo dos anos, objeto de cobiça de grileiros, madeireiros e de uma multidão de colonos a serviço ou manipulados pelas frentes de devastação.
Não é por acaso que nesta mesma região, concentrem-se hoje os principais focos de desmatamento ilegal, que avançam sobre as áreas que legalmente deveriam estar protegidas de qualquer atividade predatória. É o caso, por exemplo, das agressões atestadas pelo último relatório divulgado pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), comprovando que somente na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no município de Novo Progresso, nas proximidades da T.I Baú, foram desmatados em maio passado nada menos do que 35 Km2 de floresta.
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