Barbearia federal

Obras milionárias costumam ser sinônimo de acirrada concorrência entre as empreiteiras. Certo? Errado, pelo menos quando se trata de um pacote de quase de R$ 52 milhões de reais para a execução de obras de urbanização, saneamento e habitação na comunidade Taboquinha, no distrito de Icoaraci, onde vivem 1.410 famílias, em Belém, integrando o tal PAC do Saneamento.
Apesar de dez empresas terem adquirido o edital, apenas um consórcio compareceu com a proposta de técnica e preço, ficando automaticamente e sem disputa com essa cobiçada obra. Estranha desistência que pode indicar combinação entre as empreiteiras, que previamente dividem os lotes de obras entre si, fraudando a concorrência.
O consórcio vencedor, formado pela Atan Engenharia Ltda, Estrutura Engenharia e Construções Ltda. e pela Construtora L. J. A., esta na condição de empresa líder, não teve muito trabalho para abocanhar o contrato milionário, cuja assinatura da ordem de serviço ocorreu nesta semana em um comício com a presença da governadora Ana Julia e do prefeito Duciomar Costa.
Um detalhe que não passou despercebido: a L.J.A, muito embora desconhecida no Pará, seria de propriedade de um sócio de paraibano Zuleido Veras, o ex-todo-poderoso dono da construtora Gautama, flagrado em fraudes milionárias em licitações públicas e preso pela Polícia Federal durante a operação "Navalha".
Como se vê, as obras do PAC no Pará já parecem fadadas a produzir escândalos. Em série, para não fugir à regra.