A semana termina com as entranhas da saúde pública de Belém completamente expostas. A paralisação dos profissionais da área, realizada na última quarta-feira (12), revelou que não há mais qualquer espaço para as reiteradas manobras protelatórias, pedidos de novos e inatingíveis prazos, apresentação de propostas mirabolantes que cumprem apenas a função de empurrar o problema com a barriga, enfim, chegou-se ao limite extremo e fez-se o caos. Ou melhor, deu-se visibilidade, mesmo que tardia, a uma situação que vem sendo paciente e sistematicamente construída ao longo de mais de três anos de cruel desmonte dos serviços e programas que até então existiam na capital.
O princípio de incêndio ontem à noite no HPSM da 14, o mais antigo e deteriorado de Belém, iniciado por uma pane no ar condicionado da UTI, é o emblema do descaso. Descaso criminoso, diga-se.
O mais fantástico, entretanto, é que esse caos convive com uma execução financeira no setor que não deixou de crescer nesse período. O dinheiro continua sendo gasto, mas falta o básico nas unidades e hospitais e a manutenção preventiva de equipamentos é tão precária que começa a ser fonte potencial de novas tragédias. O Ministério Público Federal (MPF), na trilha desse escândalo há anos, precisa agir com maior celeridade. O tempo, como está evidente, conspira contra a sobrevivência da abandonada população de Belém, refém de uma administração ruinosa e incompetente.
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