Os americanófilos de plantão devem estar exultantes. O governador de um dos Estados mais importantes da Federação foi obrigado a renunciar depois de pilhado gastando dezenas de milhares de dólares com prostitutas de luxo. Vitalidade da democracia estadunidense, dirão esses fanáticos do American way of life. Menos, muito menos. Apenas o episódio da retumbante queda do democrata Eliot Spitzer, que entrou na política com fama de incorruptível depois de exercer a função de promotor de Justiça, revela mais um daqueles nada edificantes exemplos da promíscua relação entre público e privado, ou, se preferirem, entre poder, sexo e dinheiro dos contribuintes.
No Brasil, país abençoado, o risco de desfechos semelhantes ao de Nova York é praticamente nulo. A não ser se, um belo dia, figuras do quilate de Jeane Mary Corner, alcoviteira-mor das alegres festinhas da Corte no Planalto Central, resolvesse tornar pública sua agenda de clientes. Perto de suas revelações os atuais escândalos de mal-uso de cartões corporativos e de desvio de recursos para ONGs suspeitas vão parecer coisa de escoteiro.
Mas, para o sossego de muita gente, os lábios da cortesã parecem estar bem selados. Resta saber, apenas, até quando prevalecerá seu silêncio obsequioso.
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