quarta-feira, 12 de março de 2008

"Ninguém respeita ninguém. Vocês não entendem?"

A frase é um desabafo e um grito de alerta. Seu autor, de apenas 10 anos, já caminha com desenvoltura pelas trilhas do crime. Criança abandonada e vivendo nas ruas, aprendeu rapidamente os ditames da lei da selva onde ninguém respeita mesmo ninguém.Mas a foto publicada na edição de hoje de O Liberal, mostrando o garoto, mirrado e com as costelas à mostra, sendo conduzido por uma guarnição de PMs, gigantes perto da constrangedora pequenez da criança flagrada roubando uma bicicleta na periferia de Belém, diz mais que todos os discursos e promessas de todas as autoridades - em todos os níveis de governo - que prometem a redenção e vendem a idéia de que as coisas estão melhorando. Miragem que não resiste para além dos limites estreitos e frágeis da propaganda oficial.
Contumaz freqüentador do Conselho Tutelar e de delegacias policiais, o garoto foi levado para um "abrigo" onde se presume que seja submetido a "medidas socioeducativas". Presume-se apenas, porque o mais provável é que essa criança esteja em breve devolvida às ruas, pronta para novas e mais violentas escaladas. Exatamente como os cinco adolescentes de Marabá, que compõe a outra foto dramática da imprensa desta quarta-feira. Por quatro longos dias foram mantidos algemados em bancos de uma delegacia de polícia naquele município do sudeste paraense, como animais, enquanto aguardavam transferência para o Centro de Internação do Adolescente Masculino (CIAM). O delegado se justifica: nunca houve "celas especiais para adolescentes na delegacia". Por isso, foi preciso "improvisar". E são estes "improvisos" que levaram, há tão pouco tempo, uma adolescente, de 15 anos, a dividir a cela com 20 detentos em Abaetetuba, onde conheceu o inferno do estupro e da tortura em uma dependência do Estado, sob o olhar cúmplice de uma infindável lista de agentes públicos.
A foto da barbárie está percorrendo o instantâneo mundo da mídia impressa e virtual. Causará escândalo relativo, porque de tão recorrente vai produzindo uma espécie de anestesiamento. Compõe a paisagem, exatamente como aquele retrato na parede que não para, um só segundo, de doer e de recordar o abismo cada vez mais abissal que a sociedade brasileira cava. Dentro dele, sendo despedaçado a cada nova tragédia, um moribundo projeto de nação que precisa ser recuperado antes que seja tarde demais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Talvez aqui não seja o espaço adequado, mas não posso deixar de externar minha insatisfação com as linhas de créditos consignados que estão sendo ofertadas pelo BANPARÁ.
1- O governo (Executivo) liberou com exclusividade ao BANPARÁ a linha de empréstimo consignado em folha, que está concedendo somente na semana do pagamento.
2- a taxa de juros cobrada pelo BANPARÁ aos já combalidos servidores estaduais está na faixa absurda de 3 % (três por cento), muito acima até do estão sendo aplicados pelos banco PRIVADOS, sem consiganação em folha.
3- O prazo de pagamento do BANPARÁ é em até 48 (quarenta e oito) meses, que nesse percentual faz o empréstimo ficar algo astronomico.
4- Para servidores do Judiciário Estadual e Federal a CAIXA ECONÔMICA aplica o percentual de 1,2% (um ponto dois) por cento, para a linha de crédito consignado que pode ser obtido A QUALQUER HORA, e pode ser parcelado em até 72 (setenta e dois) meses!
5- o HSBC e o banco Real, que são PRIVADOS, aplicam o percentual oscilante entre 1,5 e 2,00% (um e meio e dois por cento) de juros para empréstimos QUE NEM SÃO CONSIGNADOS EM FOLHA.

O que está acontecendo com os economistas do BANPARÁ? Querem levar os servidores estaduais à falência, de uma vez por todas?
A Governadora prometeu ao funcionalismo taxas máximas de 1,8% e prazos mais elásticos, por que não está sendo aplicada?
Se o BANPARÁ não pode competir com os demais bancos, em termos de taxas, por que o Governo não abre a outros Bancos a opção de crédito consignado?
Isso não seria Reserva de Mercado, que é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor?
REALMENTE, NINGUÉM RESPEITA NINGUÉM!!!
Servidor público Indignado