A CPMI instalada para apurar os gastos com os chamados cartões corporativos não poderia estar mais sonolenta. Seus trabalhos são conduzidos em banho-maria, arrastando-se em sessões enfadonhas e intermináveis. Nada de espetacular acontece e a platéia caminha para o mais completo desinteresse. Bem, é hora de solicitar uma mãozinha da sempre prestativa VEJA, templo do conservadorismo e megafone de aluguel para interesses muito variados, desde que alinhados à direita do espectro político.
A divulgação na edição na VEJA desta semana de um suposto dossiê trazendo dados sigilosos de gastos da época de Fernando Henrique, vazado, de acordo com a reportagem, pelos governistas para chantagear a bancada da oposição, é a repetição de uma tática já utilizada incontáveis vezes. A "bomba" começa a repercutir ainda no domingo, pautando as editorias de política dos principais jornais e TVs, que vão ouvir os próceres da oposição. Estes, com olhar compungido e algo histérico, farão solenes discursos contra a pretensa manobra do governo, ameaçarão convocar ministros, quebrar sigilos a torto e à direita, dando contornos de crise institucional ao episódio.
A semana no Congresso começará com temperatura tão elevada quanto artificial. A regra basilar de que se apure tudo, custe o que custar, será substituída por apelos à moderação e ao bom-senso. Depois, que não se reclame do insuportável cheiro de pizza que domina os acarpetados corredores do parlamento brasileiro.
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