O corporativismo venceu mais uma vez. Em decisão nada surpreendente, o Colegiado Pleno do TJE (Tribunal de Justiça do Estado), decidiu ainda há pouco suspender a apreciação do processo Administrativo Disciplinar contra a juíza Clarice Andrade, aquela que manteve a adolescente L., de apenas 15 anos, dentro de uma cela com mais de 20 detentos, por quase um mês, para ser violentada e espancada incontáveis vezes.
A alegação dos magistrados não poderia ser mais pueril: ouviram falar - na verdade, leram uma pequena nota na coluna Repórter Diário da semana passada, dando conta que a PF teria aberto uma nova linha de investigação sobre o episódio: traficantes que atuam em Abaetetuba estariam por trás de tudo, numa armação para atingir os policiais civis do município. Uma mirabolante teoria conspiratória, que mesmo na remota possibilidade de se confirmar não altera em nada os crimes cometidos contra a jovem, nem retira a responsabilidade da juíza e dos membros do Ministério Público, policiais civis e agentes prisionais, que deram causa - por ação ou omissão - à barbárie que levou o Pará novamente às manchetes da mídia internacional.
Agora, os desembargadores, em suas imaculadas togas, esperarão sentados até que a PF responda ao pedido de informações formulado pelo TJE. Nesse meio tempo - sabe-se lá quanto tempo - o processo dormitará em berço esplêndido, como mais um símbolo de que a impunidade possui muito mais defensores do que sonha nossa vã filosofia.
2 comentários:
Mary Cohen e cia., pela Comissão de Direitos Humanos da OAB/PA, avisaram ontem à presidência da Ordem que vão a Brasília, levar o caso ao Conselho Nacional de Justiça. Ou seja, o caso terá novos rounds.
Caro Yúdice,
Parabéns para a Mary Cohen, sempre combativa.
A desfaçatez da decisão do Judiciário paraense foi algo em paralelo. Precisa mesmo virar um escândalo nacional.
Obrigado pela visita e volte sempre.
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