É simplesmente gravíssima a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-gerente jurídico do Banco da Amazônia (Basa), Deusdedith Brasil, acusado de improbidade administrativa. Ele utilizava-se da posição que durante anos ocupou no banco estatal para captar clientes para seu escritório privado, advogando "ao mesmo tempo" para os dois lados das demandas jurídicas que envolveram aquela instituição financeira pública.
Esta ação e outras duas semelhantes que tramitam na Justiça Federal apenas levantam a ponta de um novelo de ilegalidades muito mais amplo e profundo. O Basa administra fundos bilionários. É de se supor que pela gerência jurídica, ao tempo em que Deusdedith pontificou absoluto, tenham passado processos que envolveram poderosos interesses. Quem garante que o "desvio de conduta" do advogado tenha ficado restrito à "captação de clientes" para sua banca particular de advocacia? Afinal, cesteiro que faz um cesto faz um cento.
Pilhado em atividades suspeitas durante meses, chamava a atenção o magnetismo que o advogado parecia exercer sobre os demais membros da diretoria do banco, sobretudo seu inegável poder de influência sobre o então presidente, Mâncio Cordeiro, indicação do ex-governador e atual senador pelo Acre, Jorge Viana (PT).
Seria muito bem-vinda e inegavelmente oportuna uma auditoria especial nas contas do Basa, com foco na concessão de financiamentos do Fundo Constitucional do Norte (FNO). Tenebrosas caveiras até então recolhidas em bem guardados armários podem saltar de repente. Se isto realmente acontecer, espalhará o pânico em muitos gabinetes, mas nem por isso será surpreendente, pelo menos para os que se julgam enfronhados nas labirínticas e lodosas trilhas que dão acesso às linhas de financiamento público na dessangrada Amazônia.
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