segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O bloco dos sem-vergonha

É de se supor que um ministro da Defesa, que formalmente tem sob seu comando as Forças Armadas de um país do tamanho do Brasil, seja o primeiro a manter uma postura de integridade e de respeito ao cargo que ocupa. Mais ainda se o ministro tenha em sua biografia já ter sido ministro da Justiça e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), mais alta corte brasileira. Nada disso vale para Nelson Jobim. Ele e comitiva, que inclui a esposa, porque ninguém é de ferro, estão desde ontem na Rússia em viagem totalmente custeada pelo governo daquele país. Turismo de negócios? Simples cortesia diplomática? Os russos não costumam desperdiçar seus rublos em inocentes e estéreis troca de gentilezas. Estão interessados em dar seguimento a um agressivo lobby para que o Brasil compre, nos próximos meses, submarinos, helicópteros e blindados para o Ministério da Defesa. Uma compra de alguns bilhões de reais.
Flagrado entre um coquetel e um passeio turístico, o ministro Jobim manda dizer que não vê nada de anormal e critica aqueles que "pensam pequeno" e se ocupam de "questões menores". A soberania e o decoro do país não devem estar entre as mais urgentes preocupações do atarefado ministro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Você aceita cafezinho, quando vai comprar alguma coisa numa loja? Um copo d'água? Então, pega aquele bombonzinho que fica próximo do caixa? E diz que não aceita aquele convite para o camarote de carnaval do empresário importante e estratégico para os negócios do governo? Aaaahhhh, viu como é importante tirar a trava do olho, antes de apontar no do alheio?
Por exemplo, Chávez também recebeu alguns salamaleques dos russos, para comprar os Sukhoi e a fábrica de kalashinikovs, e nem por isso foi molestado, mesmo que o poderio bélico adquirido represente um início de corrida armamentista nas ilharga da Amazônia.
Por isso eu prefiro o submarino amarelo. Aquele, inventado pelos quatro rapazes de Liverpool.

Aldenor Jr disse...

Anônimo das 11:30,

É evidente que não estamos falando de bombons, cafezinhos ou copos d'água.
O que está em jogo é o decoro dos que representam o país.
não sei se Chávez aceitou "regalos" dos russos. Não tenho informações a este respeito. De qualquer forma, em qualquer latitude, as autoridades nacionais precisam se comportar com dignidade, para que possam ser respeitadas.
Sobre a suposta corrida armamentista da Venezuela, acho que o anônimo está lendo demais a revista VEJA...